terça-feira, 26 de junho de 2012

Andarilhos Espirituais

Muitas vezes nos deparamos com dificuldades, e logo desistimos de nossos projetos. Passado um tempo, começamos a nos queixar por termos perdido a oportunidade daquilo que não fizemos.

A depressão, o mau-humor, a tristeza, o desânimo, e muitos vicios vêm dessas atitudes negativas que tomamos, pela insegurança, ou pelo desconhecimento, ou mesmo pelo medo .

Muitas pessoas conseguem 'sacudir a poeira' e se levantar, e seguir novos caminhos. Outras entretanto, perdem-se e tornam-se 'andarilhos espirituais', vivendo a vida como os mendigos, pelas ruas de suas existências, levados pelos vícios, pela covardia e pela preguiça em mudar de vida, atormentando-se pelos fracassos em suas vidas, e fazendo a outros, infelizes também.

Conheço algumas pessoas assim. Trabalho com pessoas assim. Na minha Paróquia tem pessoas assim. Na minha família também. Como eu reconheço essas pessoas? Fácil. Eu também fui assim. E, se duvidar, ainda o sou.

Esse mal tem cura. Mas demanda seguir um caminho.

Primeiro passo para mudar: querer.

Segundo passo: Aceitar-se.

Terceiro passo: decidir-se pela mudança.

Quarto passo: dar o primeiro passo!

Recordo-me que Jesus, ao realizar algum milagre na vida de alguém, não o fazia sem a 'ajuda' da pessoa (Jo 9,1-7). É claro que Ele podia (e pode!) nos curar de tudo, mas se fizesse apenas a cura física, a pessoa não se converteria, e não encontraria a Vida Feliz que Jesus oferece. O processo de cura  de Jesus envolve a pessoa como um todo, e não apenas aspectos dela. Todo o homem: corpo e alma. Jesus não intervém em nossa vida por partes. Todo o homem é Sua criatura, e pelo Batismo, todo o homem torna-se Seu filho! Filhos muito amados!

O sofrimento nos fragmenta. Nos divide em muitos pedaços. Nossas fraquezas nos dividem tanto que, se não mudamos logo que nos encontramos neste estado de tibieza, logo estaremos caídos, entregues às nossas paixões baixas e vis, que num primeiro instante nos causam euforia e prazer, mas logo vem o remorso, e nos corroem por dentro como um veneno ou ácido, e sentimos a imensa dor na alma [que poucos sabem diagnosticar: é a ausência de Deus!]. Muitos, por não entenderem isso, persistem naquilo que os está matando o ser, aniquilando suas existências, apagando seu brilho, tirando-os da luz, desfragmentando os filhos de Deus, herdeiros de Suas Promessas e levando-os a uma vida vazia, tornando-os 'andarilhos espirituais'.

A alma sem a presença de Deus em sua essência, sofre. E, queiramos ou não, aceitemos ou não, acreditemos ou não, a alma sem Deus morre. 

Disso é feito o Inferno: Lugar onde a 'presença' de Deus não habita. Lugar onde Sua Divina Luz, da Verdade e Compreensão de todas as coisas, não penetra. Lugar de escuridão e sofrimento, onde os corpos ardem em seus próprios sofrimentos e gemidos. A morte eterna.

Esse sofrimento eterno, podemos sentí-lo de maneira suscinta em nós quando estamos afastados de Deus. Quando pecamos, sentimos uma pequena angústia: primeiro pela nossa consciência, que nos diz que erramos. Se não damos ouvidos à voz de nossa consciência, e seguimos em frente com nossos erros, vamos mergulhando, cada vez mais, no abismo do sofrimento da ausência de Deus. E quanto mais persistimos na nossa impenitência, mais caímos - grande pecado! Pior do que errar é o ato consciente de não querer se emendar! Estamos conscientemente negando a Deus e retirando-O de nossas vidas. Morrer neste estado é condenação certa! Pois negamos a Deus nessa vida passageira, não aceitando as condições que Ele nos dá para O conhecer, amar e servir, e para voltarmos a Ele quando dEle nos afastamos pelo pecado; para nos corrigirmos, para nos emendarmos, para nos convertermos e mudarmos de vida, abandonando o mal e a morte, morte da alma, morte eterna!

Muitas pessoas dizem que isso não existe. Que voltaremos para purgar os pecados de uma 'vida passada'. O autor da Carta aos Hebreus nos adverte que morremos uma única vez e logo segue o julgamento (Hb 9,27). Inverossímel que paguemos pelo que não conhecemos. Isso não é justiça. É castigo. Deus não castiga ninguém (Jo 12,46-48). Se não tenho idéia do que fiz estando em outra vida, outro 'corpo', como Deus (o Sumo Bem) seria tão 'injusto' para nos condenar a uma eternidade de reencarnações, em que a próxima vida purga a anterior, mas fadada a viver na condição de pecado, voltando a pecar, e reencarnar uma outra vez, sem se lembrar da anterior para purgar aqueles novos últimos pecados e os anteriores, e voltar a pecar uma outra vez e voltar novamente...

Seríamos eternos 'andarilhos espirituais', se assim o fosse, e sofreríamos indescritivelmente mais a cada 'retorno' a esta vida infeliz, que só se torna fecunda pelas graças que Deus nos dá, diariamente, a fim de não sucumbirmos. Por isso Jesus adverte: "vigiai e orai para não cairdes em tentação" (Mt 26,41)

Por isso o Senhor nos deixou o maravilhoso remédio de cura e libertação: o Sacramento da Confissão!

Este remédio nos cura de todas as feridas, por maiores e piores que possam ser! Basta a sinceridade de coração e o arrependimento verdadeiro para Deus derramar, sobre nós, pelos méritos da Paixão, Morte e Ressurreição de Seu filho Jesus Cristo, e pela ação do Espírito Santo, todas as infinitas graças de Sua Misericórdia!

E não apenas uma vez, mas quantas vezes forem necessárias por toda a nossa vida! Tudo isso para que, à morte, tenhamos o feliz e derradeiro encontro face-a-face com Aquele que nos acompanhou por toda  a nossa existência terrena, em espírito!

E mais! Muitos pensam - erradamente - que a confissão é sem sentido e sem efeito porque é feita a um sacerdote (que seria humano e pecador como nós). Ledo engano! A confissão é feita a Deus, mas através de um sacerdote que é humano e falho como eu, e assim, Deus exerce Sua copiosa Misericórdia a nós, nos perdoando tudo o que fizermos de errado, e de maneira justa, oferecendo-nos o mais perfeito caminho: o da humilhação. Sim, meu irmão! Se você não se humilha, não será exaltado (Mt 23,12)!

Se você aceita mudar de vida, aceita também passar o que for necessário para chegar à sua meta. Deus lhe proporciona isso de forma única através do Santo Sacramento da Penitência: se você não não quer se humilhar (não a um homem, mas a Deus, através de um homem, mas não um homem qualquer, um homem consagrado a Deus pelo Santo Sacramento da Ordem, que lhe confere, pelo Espírito Santo, a graça de ser ouvidos e voz de Deus para nos reabrir os céus fechados pelos nossos pecados). Se você não quer passar por essa humilhação, então você não se arrependeu, e a soberba está em seu coração. Assim foi também com o autor do pecado, Satanás. Não quis se humilhar perante Deus, que se personificaria em Jesus Cristo, verdadeiro homem e verdadeiro Deus, para nos salvar. E deu no que deu...

Não tenha medo de lutar para voltar a Deus! Ele ama você! E não é insensível aos seus clamores! Você é que, apesar de chamá-lO, não quer sair da acomodação que o mal está provocando em sua vida. Você está aleijado, entrevado, cego, coxo pelos seus pecados, pelos seus vícios, pela sua luxúria, pela sua soberba, pela sua ganância, mas Deus quer curar você! Seja como Zaqueu (Lc 19,1-10)! Suba na árvore! Não se importe com arranhões de galhos secos, nem farpas nas mãos e nos pés! Suba na árvore! Mesmo que demore, mesmo que a árvore seja alta, e você tenha medo! Grite, sem parar, o nome de Jesus! Faça o possível para Deus olhar para você, e ver o seu esforço e sua sinceridade! E Deus vai recompensá-lo com o impossível na sua vida! Acredite, meu Irmão! 

E você verá como é bom deixar de ser um 'andarilho espiritual' e tornar-se FILHO DA PROMESSA - A VIDA ETERNA!


E seja Feliz!





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